sábado, 9 de fevereiro de 2008

Mercado de livros no Brasil

Falando na trilogia Bourne, lembrei de uma história que um amigo do trabalho comentou: quando saiu O Ultimato Bourne no cinema, o irmão dele procurou o livro pra ler e, acreditem, não tinha sido publicado em português.
A Dani já tinha mesmo me dito que o irmão ou a mãe dela, não lembro, tinha lido e gostado muito, e foi aí que soube que também havia os livros. Mas ainda não tinha tido tempo ou dinheiro pra procurá-los.

Essa história do meu amigo veio numa conversa que tínhamos justamente sobre o mercado editorial no Brasil, a partir de um constatação que eu havia feito: quando não houve mais novos Harry Potter a serem lançados, fui reler A Pedra Filosofal, desta vez a edição brasileira, e fiquei espantada com a quantidade de erros de revisão e até tradução que havia.

Antes de mais nada, acho inadmissíveis erros de revisão, especialmente em livros.
E, affinal, apesar de publicar Paulo Coelho, a Editora Rocco é grande e antiga, e tem alguma respeitabilidade, né? Mas até compreenderia que a primeira edição da Pedra Filosofal tivesse saído com erros, apesar de tudo. O que não dá pra aceitar é que, depois de sete anos, não tenham feito uma revisão cuidadosa, pelo menos em respeito aos sei lá quantos milhares de exemplares vendidos.

Além disso, é gritante a diferença de oferta que temos, em relação aos países já desenvolvidos...
Uso o próprio Harry Potter como exemplo: na Inglaterra, há as edições pra adultos, com capas belíssimas, e pra crianças, todas em versão de bolso, em brochura, ou de luxo, com capa dura.
Nos Estados Unidos, eles têm a versão brochura, a de papel jornal, a de capa dura, a de luxo... Lá, inclusive, os inícios de capítulo trazem ilustrações muito bem feitas. E, pelo menos no Deathly Hallows, que é o único que tenho na edição americana, os recortes de jornal citados na história são reproduzidos como ilustração, no corpo do texto.
Aqui, só temos uma versão: brochura, sem ilustrações quaisquer, com margens minúsculas que é pra economizar papel ao máximo... Frustrante.
Isso porque 'tou falando de um estouro de vendas como esse, feito pra um público que até aprendeu a ler em inglês e comprou as edições estrangeiras pra não ter de esperar pelas nossas. As quais, ainda assim, também comprou, porque, além de ler, coleciona.

Tudo bem que muita coisa mudou nas últimas décadas, que hoje as grandes cidades têm grandes livrarias, preocupadas com qualidade e bem-estar do consumidor, que temos muito mais opções do que tínhamos.
Mas será que pelo menos a pequena parcela da população brasileira que lê e compra livros já não mostrou que merece um pouco mais de investimento dos editores? E que existe mercado pra se investir em luxos como também a beleza dos livros?
Ou pelo menos na tradução e lançamento de livros, ainda que sem luxo, que pelo menos aproveitassem o interesse levantado pela estréia de uma história no cinema, pô!

Enfim, lamento que ainda estejamos na transição pra um país de leitores e consumidores de livros, e torço pra que cheguemos a um nível ainda mais elevado.
Ainda que minha queixa e meu desejo pareçam reclamações fúteis, se considerarmos quantos analfabetos, pelo menos funcionais, ainda penam pelo nosso país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Há alguns anos eu fiz uma restrição de que não leria mais traduções do inglês ou espanhol, só as que eu já tivesse. Depois que vc pega experiência na leitura de certa língua, fica irritante ver a tradução, os erros, a falta de sentido nas expressões idiomáticas.
Compreendo que seja um trabalho difícil, mas acho que um tradutor tem que ter um mínimo de experiência com gírias e expressões pra fazer um bom trabalho. Poucos tradutores brasileiros têm essa habilidade.
Acho que o melhor que a gente pode fazer é ser exigente, comprar livros de editoras que fazem um bom trabalho, olhar o nome do tradutor nos créditos, ser seletivo. E criar filhos seletivos também, e que leiam muito. Eles vão fazer a diferença no mercado depois.

Ah, quanto ao Bourne, talvez os livros não estejam mais disponíveis, mas minha mãe tem/teve o Ultimato em casa, uma edição dos anos 80. Acho que era da Nova Cultural, mas posso estar errada.

Uia, escrevi um post no lugar do comentário...
Beijo!

Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.