segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Releitura

Não tinha intenção de abandonar este blog por tanto tempo. Li, vi e ouvi tantas coisas de que queria falar, mas meu computador e minha internet não 'tavam ajudando muito, então me deu um certo desânimo.
Agora parece que a internet melhorou e 'tou usando o laptop do meu maridinho. Não tenho prática com essas maquininhas pequeninas, mas vou tentar me acostumar.
Pois bem, já há alguns dias terminei de reler o Ensaio sobre a cegueira.
Continua um dos meus livros preferidos de todos os tempos! Continua um soco no estômago! De novo me fez chorar, mas desta vez nos momentos mais de redenção que de desgraça.
Enfim, sete anos mais velha, agora casada, com a segunda filha crescendo, outro bebê a caminho e tendo me (re)encontrado com a fé (que acho que sempre tive, mas sem consciência clara dela e do que podia fazer por mim), consegui ver com mais otimismo as mazelas que o Saramago denuncia, digamos assim, naquele Ensaio.
Tudo bem que ele é ateu e não esconde sua descrença também na humanidade. Pelo menos é o que expressa com freqüência. Penso, porém, que se ele de fato não tivesse qualquer esperança nela, por que faria uma crítica assim tão densa, capaz de comover tão profundamente sei lá quantas centenas, milhares de pessoas pelo mundo, senão pela esperança, ainda que inconsciente, de que essa comoção provocasse alguma mudança nos homens?
Nos Cadernos de Lanzarote, Saramago menciona várias vezes cartas que recebe mesmo de desconhecidos seus, leitores que não conseguem ficar calados depois de o lerem. De vez em quando tenho vontade de lhe escrever também, mas me sinto muito incapaz disso. No fundo, por mais que eu leia, ou até por isso mesmo, cada dia me acho menos sabedora...
Mesmo assim não desanimo, o pouco que aprendo e reflito já me ajuda a ser uma pessoa melhor que no dia (ou semana, ou mês, ou ano, ou vida) anterior. É uma conquista que já vale a pena.
Mas confesso que essa releitura me fez pensar em como eu mesma agiria numa situação extrema. Parece fácil pregar ética, respeito ao próximo, solidariedade quando vivo bem. Não tenho luxo, que nunca quis, mas minha família e eu moramos, comemos, vestimos, estudamos, trabalhamos. Nossa vida é muito boa, não podemos nos queixar de nada.
'Inda mais nesse país em que tanta gente vive no limite ou no extremo mesmo. Não é por causa de guerra nenhuma, ou momentos de exceção. É sua vida cotidiana, com perspectivas remotíssimas de melhora.
E se fosse eu, como é que viveria? Manteria meus esforços por respeitar esses valores que eu prezo tanto e procuro pôr em prática, com dificuldade mesmo nessa vida tão cheia de dádivas que levo? Ou seria egoísta também, como os personagens do Ensaio sobre a cegueira, meio selvagem, lutando só pela sobrevivência ainda que custe a vida ou o respeito dos outros?
Quero crer que ainda me sobraria um pouco de visão pra não perder de todo minha humanidade, se é que essa é uma boa palavra pro que quero dizer.
Mas honestamente não posso garantir, já que nunca vivi numa situação assim extrema. Só posso ter esperança. E trabalhar pra que, se um dia ela chegar, eu já tenha aprendido o suficiente pra manter a dignidade e os "olhos de ver".

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Abandono e retomada

Abanonei, pelo menos por algum tempo, A Misteriosa Chama da Rainha Loana. Percebi que ele não prende tanto a atenção, não é daqueles livros que dão vontade de continuar a ler onde quer que a gente esteja. Por isso, provavelmente, tenham me dito que não faz jus aos outros romances do Umberto Eco.
Em compensação, recomecei O Ensaio sobre a Cegueira. 'Tava dando sopa perto de mim, peguei por acaso pra dar uma olhada numas páginas e nâo consegui largar. Confirmei que é desses livros que mais gosto: os que PRECISAM ser lidos, dá pra entender?
Já 'tou com medo, por antecedência, de reviver os sofrimentos que me trouxe, mas tenho sido forte. É verdade, e já disse aqui: eu sofro com os livros, filmes e até músicas. Sou assim, não posso evitar. Pior é que parece que os benditos mais tristes acabam sendo os melhores! Dia desses vou selecionar minhas comédias preferidas, pra desfazer essa impressão.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"O Homem que Desafiou o Diabo"

Cinema no fim de semana, pra ver O Homem que Desafiou o Diabo. Uma história que eu não conhecia, de Nei Leandro de Castro, sobre um herói sertanejo que não tem medo de nada e adora chanfrar as mulheres, pra usar palavra dele mesmo!
Filme divertido, com produção bem cuidada e direção muito boa que se vê no trabalho dos atores. A exceção fica por conta de Flávia Alessandra: não só porque já não gosto mesmo dela, mas porque sua canastrice destoa da atuação de todos, especialmente da mocinha Fernanda Paes Leme.
Minha restrição ao texto é o vocabulário excessivamente chulo. Mas isso se deve aos meus pudores particulares, talvez até passe despercebido pela maioria. E, como disse meu marido, é coerente com os ambientes preferidos de Ojuara, onde ele passa a maior parte dos seus dias, os bordéis.
Nâo é meu filme preferido de todos os tempos, mas valeu boas risadas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Por falar nisso...

Como um assunto leva a outro, vou transcrever um texto que li num livro de mensagens chamado Vinha de Luz, que fala exatamente daquilo que mais admiro no À Espera de um Milagre. Pra mim, é o esmiuçamento do "Amai os vossos inimigos", aconselhado por Cristo.


AMAI-VOS

"Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade."
- João. (I JOÃO, 3:18.)

Por norma de fraternidade pura e sincera, recomenda a Palavra Divina: "Amai-vos uns aos outros."
Não determina seleções.
Não exalta conveniências.
Não impõe condicionais.
Não desfavorece os infelizes.
Não menoscaba os fracos.
Não faz privilégios.
Não pede o afastamento dos maus.
Não desconsidera os filhos do lar alheio.
Não destaca a parentela consangüínea.
Não menospreza os adversários.
E o apóstolo acrescenta: "Não amemos de palavra, mas através das obras, com todo o fervor do coração."
O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é a nossa família.
Aproximemo-nos dos piores, para ajudar.
Aproximemo-nos dos melhores, para aprender.
Amarmo-nos, servindo uns aos outros, não de boca, mas de coração, constitui para nós todos o glorioso caminho de ascensão.

"À Espera de um Milagre"

Por falar em filmes que tenho em casa, no Natal passado ganhei dois da minha afilhada: um deles foi À Espera de um Milagre.
Foi curioso porque esse é um dos meus filmes preferidos, e eu até tinha visto pela segunda vez uns poucos meses antes.
Só que, já algum tempo depois, acordei de um pesadelo com uma das cenas de execução, a pior de todas, em que tudo sai errado por causa do babaquinha filhinho de papai.
Fiquei muito triste porque adoro o filme e não queria ter essa impressão ruim dele. Quando ganhei, pensei logo no pesadelo e tive medo de ver. Até semana passada o filme ainda 'tava embalado!
Mas minha irmã veio aqui e quis vê-lo. Contei a história do meu sonho e topei assistir sem as partes ruins, quando saí da sala.
Foi ótimo!
É realmente um filme lindíssimo. E o que mais me admira nele é a capacidade dos guardas de respeitarem os condenados à morte, a despeito do crime que tivessem cometido. Até o encrenqueiro, que bate, cospe e faz xixi em todo mundo, eles, pelo menos de início, tratam com respeito.
Fora isso, tem todas as partes comoventes dos "milagres" e tal. E o lidar com o ódio, nossa enorme dificuldade humana de perdoar... Enfim, um filme que possibilita um monte de reflexões sobre nossa condição neste planetinha.
E, além disso tudo, vamos combinar, o Tom Hanks é muito querido, né?

Filmes novos, mas velhos

Esta semana comprei seis filmes que estavam baratos nas Americanas, uns por R$ 19,99 e outros por R$ 12,99.
Nem queria gastar tanto de uma vez, mas eram filmes muito bons e não resisti. Teve uma hora que até parei de fuçar as prateleiras, pra não arriscar encontrar outros de que gostasse muito.
Todos já vi, alguns mais de uma vez, outros uma só e há muito tempo. Mas todos foram muito marcantes, achei que valia a pena.
Meu marido não é muito a favor de ter filmes em casa, acha que se vêem muito pouco e não compensa o custo. Mas eu já penso que, se não custarem caro, é bom ter aqueles de que a gente gosta MUUITO, porque volta e meia fica sem nada pra fazer, ou meio triste, e um filme sensacional ajuda a sair da realidade.
À medida que for assistindo, falo de cada um, pra aproveitar as emoções fresquinhas.
Só lamentei que não tivesse nenhum infantil bom, já que minha Miúda também adora filmes. Não sei a quem puxou!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Testes de "inteligência"

Ontem um amiguinho do trabalho me apresentou um desafio maneiríssimo. É o tipo de passatempo que curto: inteligente, difícil, mas não impossível de resolver.
Até hoje tem doze postados. O primeiro é de janeiro do ano passado, então, provavelmente, muita gente já conhece, e eu, como sempre, 'tou por fora porque não costumo xeretar pela Internet, só vou atrás das dicas que os outros dão! De qualquer modo, pros desavisados como eu, fica agora a minha indicação.


Fiz o primeiro em conjunto com meu marido e minha filha graúda, mais umas diquinhas via MSN das minhas irmãs sabidonas. Achei muuuito legal!
Vale uma conferida.
E o site da galera, o Verdade Absoluta, também parece maneiro, embora, confesso, ainda não tenha olhado com calma, porque não consegui me desligar dos testes!

Caetano

Ontem à noite vi o show do Caetano Veloso, no Multishow, do disco . Tão interessante... Na adolescência e até uns bons anos atrás, ele era meu ídolo mesmo. O preferido entre todos. Eu, minhas irmãs e uma amigona colecionávamos tudo o que saísse sobre Caetano, além, claro, de arranjar dinheiro pra comprar todos os discos e, se desse, ver todos os shows. Sabíamos muitas músicas de cor, até aquelas mais estranhas e de letras malucas enormes, como Ele me deu um beijo na boca. Eu sabia a ordem em que os discos tinham saído, em que ano, quais as faixas de cada um, detalhes assim. Até data de nascimento, nome dos filhos, esses trecos.
Daí, de uns tempos pra cá, desiludi.
Ele ficou rabugento, talvez por estar mal casado, sei lá.
Dos últimos discos, sei pouquíssimo, só umas poucas faixas que de vez em quando ouço na casa do meu pai, ele sim ainda muito fã, e quem, aliás, aplicou-nos de Caetano, como ele mesmo sempre dizia.
Mas ontem fiquei a fim de ver o que ia rolar naquele show anunciado com destaque para a banda de rock montada pelo Caetano. O show não tinha tanto assim de rock, mas talvez não fosse mesmo a intenção dele, pelo pouco que vi do "makink of".
Ele falou do Transa, disco que até hoje é um dos meus preferidos.
Percebi que, realmente ainda gosto de muitas músicas, mas não tenho mais o mesmo interesse em conhecer as novas. Eu, que já vi show que ele fez antes de lançar o disco, cujas faixas eram todas inéditas!
E o bichinho tá ficando velhinho mesmo. Eu também tou envelhecendo, né? Hoje admiro os caras não só pela paixonite que tenho por eles, mas pelo que fazem. E gosto da regularidade: dos caras da dita MPB (nunca gostei muito dessa etiqueta, mas vá lá), quem admiro mesmo, profundamente, talvez sem ressalvas, é o Chico Buarque.
Mas vi e ouvi com carinho o Caetano de 65 anos. Não sei dizer se ele envelheceu bem, mas gosto do jeito como eu estou amadurecendo. É bom gostar dos artistas, dos seus trabalhos, mas essas paixões incondicionais não têm nada a ver. Pelo menos não mais. De qualquer modo, valeu pra reacender a vontade de ouvir umas coisas de que gostava tanto. Vou ver se encontro meus CDs na bagunça da prateleira e passo algumas faixas pra ouvir no celular, quando puder caminhar de novo.


P.S.: Tentei linkar o Transa, mas tá no site antigo do Caetano, muito chatinho de navegar. Só dá pra chegar até a página inicial, então, quem tiver curiosidade e paciência suficientes, fuça por lá mesmo. O novo ficou bem mais legal, tanto pra ver como pra navegar.
Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.