segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

O outro meme

Deus, inacreditável que já tem quase um mês que publiquei o último post, que, aliás, tinha sido escrito três semanas antes! Enfim... vou tentar ressuscitar este blog, vamos ver se consigo mantê-lo de pé.

Recomeço com a resposta ao segundo meme que a Dani me mandou.
Achei difícil e por isso fui buscar na fonte mais explicação pra ele:

"Trata-se do seguinte: você escolhe um tema qualquer (escolhi educação) e sugere quantos filmes desejar sobre o assunto (não menos que 2) para os seus leitores. Têm que ser filmes que lhe fizeram você perceber o quanto o tema é importante para você e que de alguma forma lhe acrescentou algum valor. Pode ser sobre amor, viagens, trabalho, casamento, poesia, política, etc. O tema é livre! Atenção, não basta indicar, tem que comentar sobre os filmes, lembre-se que seus leitores poderão estar interessados em suas opiniões."

Na verdade, o difícil não é entender, mas achar a resposta.
O legal desse meme é que, teoricamente, é o que já faço no meu blog, né, só que com tema definido - a parte difícil!

Bom, vou falar de filmes de amor. Mas não necessariamente o amor romântico, com final feliz e tal, porque sei que o amor mesmo é bem mais que um romance bem sucedido.

Simplesmente Amor: é um dos meus filmes preferidos, sério. Tenho em casa e, de vez em quando, se me sinto meio desanimada, vejo de novo. O que mais gosto é que ele mostra vários casos de amor, de vários tipos, todos de pessoas comuns, com vidas comuns. Ou, se não são tão comuns assim, como o Primeiro Ministro da Inglaterra, pelo menos se apaixonam por alguém comum.
De todos os casos, meu preferido é, acho, o do Sam com o padrasto. E também com a colega de escola, claro!
Mas gosto até dos que não se saem bem, porque escolhem outro amor a que se dedicar.
No final das contas, gosto tanto desse filme porque mostra que amor não é só consolidar um romance, mas respeitar um amigo, suportar a não realização, perdoar uma traição, vencer a dor da morte, ajudar a crescer. E está em todo lugar, é pra qualquer um. Uma das minhas cenas preferidas é, aliás, o encerramento, com as várias "fotos" no aeroporto.

Como Água para Chocolate: escolho esse porque, apesar de contar a história de um amor romântico, os amantes aceitam o destino de viver próximos mas separados. Se não pode se manifestar no contato físico, seu amor se transmite na comida - que entristece ou enlouquece de paixão os comensais -, no cuidado com o filho do outro, no leite que nasce da mulher que não pariu.
Gosto dessas histórias latinas, cheias de lendas e exageros. Acho que é o tal realismo fantástico tipo García Márquez, que também adoro!
É um filme que merecia uma produção mais rica e cuidada, mas a história é tão bonita que compensa os defeitos de execução.
Ali, o amor sobrevive da renúncia, e talvez por isso mesmo se sustente por tanto tempo. Aliás, intensifica-se na falta, a ponto de literalmente pegar fogo quando afinal se permite concretizar. Uma metáfora interessante de analisar.

Tomates Verdes Fritos: não li o livro, mas me disseram que a história é um pouco diferente da que mostra o filme. Neste, o amor é de superação mesmo. Nasce da dor comum, da união de diferenças, e cresce tão naturalmente que no começo é quase imperceptível. Mas elimina obstáculos, resiste ao tempo, ao preconceito - numa época em que era bem mais difícil vencê-lo, e até à morte. O filme não mostra um amor que se realiza fisicamente e, embora eu não tenha nada contra essa realização (claro, que até gosto!), acho legal valorizar esse outro lado, da união, do respeito, do cuidado, da lealdade.
Do outro lado da história, tem o amor de amigas, que surge da solidão e do afeto que ela gera. Dessa amizade, nasce talvez o amor mais importante: o próprio: uma mulher comum e insatisfeita que, inspirada pela história do outro amor, começa a cuidar de si mesma e encontra o valor que nem sabia que tinha. Bem legal.

Bom, agora passo a bola pro Marcus, pra Vanessa e pra Ana Paula. Mais uma vez, fico devendo os outros dois blogueiros.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Desafiada

Recebi um desafio da minha amiga Dani e vou logo responder. Depois vou aproveitar pra falar o que já queria, porque, coincidência ou não, acabou relacionado com minha resposta.

Deixa eu falar pra explicar logo.

Ela me mandou um meme, que, por fora que sou dessas modas internáuticas, apesar de me atrever a ter um blog, nem sei direito o que é, nunca tinha ouvido falar. Mas faço o que ela me pediu.

É o meme, segundo a Dani famoso, da Página 161.

As regras:
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não vale procurar);

2ª) abrir na página 161;

3ª) procurar a 5ª frase completa;

4ª) postar essa frase em seu blog;

5ª) não escolher a melhor frase nem o melhor livro;

6ª) repassar para outros 5 blogs.


A frase: “Apareceram, no entanto, dois homens de capa no largo em frente ao número doze, e ali permaneceram noite adentro, olhando em direção à casa que não podiam ver.”


O livro: Harry Potter e as Relíquias da Morte.


O gozado é que eu não escolhi mesmo, segui as regras: o livro chegou hoje, 'tava na estante bem do lado da mesa do computador, e eu já tinha sentado aqui justamente pensando em escrever sobre ele, porque, na verdade, é curioso que eu tenha criado um blog pra falar principalmente sobre livros e nunca tenha dito nem uma silabazinha sobre Harry Potter. Mas vou deixar esse assunto pra um post exclusivo, que ele é longo e merecedor.

Repasso a brincadeira para o Marcus e a Ana Paula. Fico devendo outros três blogs, porque todos os que leio já receberam! Preciso usar mais essa rede!

Tem também um segundo meme que a Dani me mandou, mas este vou responder depois.
É absurdo que tenha iniciado este post há três semanas, guardado nos rascunhos e nunca mais tenha sequer mexido com computador em casa.
Sumi geral, mas foi por uma boa causa: eu estava fazendo minha árvore de Natal, toda em crochê. Sei que este blog, de início, não teria nada a ver com artesanato, mas vou postar uma foto quando ela estiver montada. Custou-me três semanas inteiras de trabalho, ficou lindona e vai valer a pena mostrar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O filme da vez

Finalmente vi "Tropa de Elite" no cinema. 'Tava em dúvida se veria, por causa do neném. Minha dizia que mulher grávida só deve ver coisas agradáveis, calmas e bonitas, o que, eu sabia, não era mesmo o caso!
Mas adorei o filme! Claro que sai de lá tensa, até com o estômago doendo. Mas não me arrependi, primeiro porque é cinema de muita qualidade, o que não dispenso, e segundo porque faz pensar muito, e isso é um dos papéis fundamentais da arte, não é?
De tudo o que já se disse desse filme, achei que um de seus maiores méritos foi botar o dedo na ferida da classe média. Será que o modo como aborda não só seu papel de consumidor e financiador do tráfico, mas sua postura diante dele, como se só fumar seu baseadinho não tivesse qualquer relação com a violentíssima guerra em que as cidades vivem, vai fazer a galerinha pensar na responsabilidade que tem? Ou será que, mais uma vez, o que era pra ser um soco no estômago vai ser só motivo de diversão, um filme brasileiro de ação, que não faz refletir mais a fundo?
Ultimamente tem me desiludido muito a reação das pessoas àquilo que às vezes me chocou profundamente. Vejo ou leio algo que me parece vai mudar o rumo do pensamento comum, mas converso com os outros e não noto qualquer sinal de que se sentiram intimamente tocados: o recado não foi pra eles. Aliás, muitos nem identificam recado algum, só mesmo entretenimento.
Eu, por minha vez, parece que a cada dia procuro mais identificar como é que aquela carapuça me serve.
Neste caso do "Tropa de Elite", por mais que eu não seja fã de nada que altere a consciência, achei, sim, minha parcela de mudança necessária. Não vou mais ouvir falar de um garoto que começou a fumar um baseadinho e dizer que isso é comum, não significa necessariamente um risco de virar um "drogado", como se costuma dizer. Hoje, compreendo o que meu marido dizia: que todo mundo que fuma lá seu cigarrinho de maconha contribui, sim, e está em contato, sim, ainda que indireto, com o tráfico e o crime pesado. Não tem fuga, e isso é o que o filme expõe de melhor, acho.
Mas também é muito bom o fato de mostrar os caras do BOPE como heróis, apesar de nada santos, óbvio, como o próprio personagem deixa claro o tempo todo. Tem uma piada rolando por e-mail que junta MacGyver, Jack Bauer e Capitão Nascimento pra ver quem realiza em menor tempo uma tarefinha xis. O melhor dela é mostrar que os brasileiros encontraram seu próprio herói, ainda mais fera que os heróis da TV americana. Outro grande mérito do "Tropa de Elite"!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Releitura

Não tinha intenção de abandonar este blog por tanto tempo. Li, vi e ouvi tantas coisas de que queria falar, mas meu computador e minha internet não 'tavam ajudando muito, então me deu um certo desânimo.
Agora parece que a internet melhorou e 'tou usando o laptop do meu maridinho. Não tenho prática com essas maquininhas pequeninas, mas vou tentar me acostumar.
Pois bem, já há alguns dias terminei de reler o Ensaio sobre a cegueira.
Continua um dos meus livros preferidos de todos os tempos! Continua um soco no estômago! De novo me fez chorar, mas desta vez nos momentos mais de redenção que de desgraça.
Enfim, sete anos mais velha, agora casada, com a segunda filha crescendo, outro bebê a caminho e tendo me (re)encontrado com a fé (que acho que sempre tive, mas sem consciência clara dela e do que podia fazer por mim), consegui ver com mais otimismo as mazelas que o Saramago denuncia, digamos assim, naquele Ensaio.
Tudo bem que ele é ateu e não esconde sua descrença também na humanidade. Pelo menos é o que expressa com freqüência. Penso, porém, que se ele de fato não tivesse qualquer esperança nela, por que faria uma crítica assim tão densa, capaz de comover tão profundamente sei lá quantas centenas, milhares de pessoas pelo mundo, senão pela esperança, ainda que inconsciente, de que essa comoção provocasse alguma mudança nos homens?
Nos Cadernos de Lanzarote, Saramago menciona várias vezes cartas que recebe mesmo de desconhecidos seus, leitores que não conseguem ficar calados depois de o lerem. De vez em quando tenho vontade de lhe escrever também, mas me sinto muito incapaz disso. No fundo, por mais que eu leia, ou até por isso mesmo, cada dia me acho menos sabedora...
Mesmo assim não desanimo, o pouco que aprendo e reflito já me ajuda a ser uma pessoa melhor que no dia (ou semana, ou mês, ou ano, ou vida) anterior. É uma conquista que já vale a pena.
Mas confesso que essa releitura me fez pensar em como eu mesma agiria numa situação extrema. Parece fácil pregar ética, respeito ao próximo, solidariedade quando vivo bem. Não tenho luxo, que nunca quis, mas minha família e eu moramos, comemos, vestimos, estudamos, trabalhamos. Nossa vida é muito boa, não podemos nos queixar de nada.
'Inda mais nesse país em que tanta gente vive no limite ou no extremo mesmo. Não é por causa de guerra nenhuma, ou momentos de exceção. É sua vida cotidiana, com perspectivas remotíssimas de melhora.
E se fosse eu, como é que viveria? Manteria meus esforços por respeitar esses valores que eu prezo tanto e procuro pôr em prática, com dificuldade mesmo nessa vida tão cheia de dádivas que levo? Ou seria egoísta também, como os personagens do Ensaio sobre a cegueira, meio selvagem, lutando só pela sobrevivência ainda que custe a vida ou o respeito dos outros?
Quero crer que ainda me sobraria um pouco de visão pra não perder de todo minha humanidade, se é que essa é uma boa palavra pro que quero dizer.
Mas honestamente não posso garantir, já que nunca vivi numa situação assim extrema. Só posso ter esperança. E trabalhar pra que, se um dia ela chegar, eu já tenha aprendido o suficiente pra manter a dignidade e os "olhos de ver".

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Abandono e retomada

Abanonei, pelo menos por algum tempo, A Misteriosa Chama da Rainha Loana. Percebi que ele não prende tanto a atenção, não é daqueles livros que dão vontade de continuar a ler onde quer que a gente esteja. Por isso, provavelmente, tenham me dito que não faz jus aos outros romances do Umberto Eco.
Em compensação, recomecei O Ensaio sobre a Cegueira. 'Tava dando sopa perto de mim, peguei por acaso pra dar uma olhada numas páginas e nâo consegui largar. Confirmei que é desses livros que mais gosto: os que PRECISAM ser lidos, dá pra entender?
Já 'tou com medo, por antecedência, de reviver os sofrimentos que me trouxe, mas tenho sido forte. É verdade, e já disse aqui: eu sofro com os livros, filmes e até músicas. Sou assim, não posso evitar. Pior é que parece que os benditos mais tristes acabam sendo os melhores! Dia desses vou selecionar minhas comédias preferidas, pra desfazer essa impressão.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"O Homem que Desafiou o Diabo"

Cinema no fim de semana, pra ver O Homem que Desafiou o Diabo. Uma história que eu não conhecia, de Nei Leandro de Castro, sobre um herói sertanejo que não tem medo de nada e adora chanfrar as mulheres, pra usar palavra dele mesmo!
Filme divertido, com produção bem cuidada e direção muito boa que se vê no trabalho dos atores. A exceção fica por conta de Flávia Alessandra: não só porque já não gosto mesmo dela, mas porque sua canastrice destoa da atuação de todos, especialmente da mocinha Fernanda Paes Leme.
Minha restrição ao texto é o vocabulário excessivamente chulo. Mas isso se deve aos meus pudores particulares, talvez até passe despercebido pela maioria. E, como disse meu marido, é coerente com os ambientes preferidos de Ojuara, onde ele passa a maior parte dos seus dias, os bordéis.
Nâo é meu filme preferido de todos os tempos, mas valeu boas risadas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Por falar nisso...

Como um assunto leva a outro, vou transcrever um texto que li num livro de mensagens chamado Vinha de Luz, que fala exatamente daquilo que mais admiro no À Espera de um Milagre. Pra mim, é o esmiuçamento do "Amai os vossos inimigos", aconselhado por Cristo.


AMAI-VOS

"Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade."
- João. (I JOÃO, 3:18.)

Por norma de fraternidade pura e sincera, recomenda a Palavra Divina: "Amai-vos uns aos outros."
Não determina seleções.
Não exalta conveniências.
Não impõe condicionais.
Não desfavorece os infelizes.
Não menoscaba os fracos.
Não faz privilégios.
Não pede o afastamento dos maus.
Não desconsidera os filhos do lar alheio.
Não destaca a parentela consangüínea.
Não menospreza os adversários.
E o apóstolo acrescenta: "Não amemos de palavra, mas através das obras, com todo o fervor do coração."
O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é a nossa família.
Aproximemo-nos dos piores, para ajudar.
Aproximemo-nos dos melhores, para aprender.
Amarmo-nos, servindo uns aos outros, não de boca, mas de coração, constitui para nós todos o glorioso caminho de ascensão.

"À Espera de um Milagre"

Por falar em filmes que tenho em casa, no Natal passado ganhei dois da minha afilhada: um deles foi À Espera de um Milagre.
Foi curioso porque esse é um dos meus filmes preferidos, e eu até tinha visto pela segunda vez uns poucos meses antes.
Só que, já algum tempo depois, acordei de um pesadelo com uma das cenas de execução, a pior de todas, em que tudo sai errado por causa do babaquinha filhinho de papai.
Fiquei muito triste porque adoro o filme e não queria ter essa impressão ruim dele. Quando ganhei, pensei logo no pesadelo e tive medo de ver. Até semana passada o filme ainda 'tava embalado!
Mas minha irmã veio aqui e quis vê-lo. Contei a história do meu sonho e topei assistir sem as partes ruins, quando saí da sala.
Foi ótimo!
É realmente um filme lindíssimo. E o que mais me admira nele é a capacidade dos guardas de respeitarem os condenados à morte, a despeito do crime que tivessem cometido. Até o encrenqueiro, que bate, cospe e faz xixi em todo mundo, eles, pelo menos de início, tratam com respeito.
Fora isso, tem todas as partes comoventes dos "milagres" e tal. E o lidar com o ódio, nossa enorme dificuldade humana de perdoar... Enfim, um filme que possibilita um monte de reflexões sobre nossa condição neste planetinha.
E, além disso tudo, vamos combinar, o Tom Hanks é muito querido, né?

Filmes novos, mas velhos

Esta semana comprei seis filmes que estavam baratos nas Americanas, uns por R$ 19,99 e outros por R$ 12,99.
Nem queria gastar tanto de uma vez, mas eram filmes muito bons e não resisti. Teve uma hora que até parei de fuçar as prateleiras, pra não arriscar encontrar outros de que gostasse muito.
Todos já vi, alguns mais de uma vez, outros uma só e há muito tempo. Mas todos foram muito marcantes, achei que valia a pena.
Meu marido não é muito a favor de ter filmes em casa, acha que se vêem muito pouco e não compensa o custo. Mas eu já penso que, se não custarem caro, é bom ter aqueles de que a gente gosta MUUITO, porque volta e meia fica sem nada pra fazer, ou meio triste, e um filme sensacional ajuda a sair da realidade.
À medida que for assistindo, falo de cada um, pra aproveitar as emoções fresquinhas.
Só lamentei que não tivesse nenhum infantil bom, já que minha Miúda também adora filmes. Não sei a quem puxou!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Testes de "inteligência"

Ontem um amiguinho do trabalho me apresentou um desafio maneiríssimo. É o tipo de passatempo que curto: inteligente, difícil, mas não impossível de resolver.
Até hoje tem doze postados. O primeiro é de janeiro do ano passado, então, provavelmente, muita gente já conhece, e eu, como sempre, 'tou por fora porque não costumo xeretar pela Internet, só vou atrás das dicas que os outros dão! De qualquer modo, pros desavisados como eu, fica agora a minha indicação.


Fiz o primeiro em conjunto com meu marido e minha filha graúda, mais umas diquinhas via MSN das minhas irmãs sabidonas. Achei muuuito legal!
Vale uma conferida.
E o site da galera, o Verdade Absoluta, também parece maneiro, embora, confesso, ainda não tenha olhado com calma, porque não consegui me desligar dos testes!

Caetano

Ontem à noite vi o show do Caetano Veloso, no Multishow, do disco . Tão interessante... Na adolescência e até uns bons anos atrás, ele era meu ídolo mesmo. O preferido entre todos. Eu, minhas irmãs e uma amigona colecionávamos tudo o que saísse sobre Caetano, além, claro, de arranjar dinheiro pra comprar todos os discos e, se desse, ver todos os shows. Sabíamos muitas músicas de cor, até aquelas mais estranhas e de letras malucas enormes, como Ele me deu um beijo na boca. Eu sabia a ordem em que os discos tinham saído, em que ano, quais as faixas de cada um, detalhes assim. Até data de nascimento, nome dos filhos, esses trecos.
Daí, de uns tempos pra cá, desiludi.
Ele ficou rabugento, talvez por estar mal casado, sei lá.
Dos últimos discos, sei pouquíssimo, só umas poucas faixas que de vez em quando ouço na casa do meu pai, ele sim ainda muito fã, e quem, aliás, aplicou-nos de Caetano, como ele mesmo sempre dizia.
Mas ontem fiquei a fim de ver o que ia rolar naquele show anunciado com destaque para a banda de rock montada pelo Caetano. O show não tinha tanto assim de rock, mas talvez não fosse mesmo a intenção dele, pelo pouco que vi do "makink of".
Ele falou do Transa, disco que até hoje é um dos meus preferidos.
Percebi que, realmente ainda gosto de muitas músicas, mas não tenho mais o mesmo interesse em conhecer as novas. Eu, que já vi show que ele fez antes de lançar o disco, cujas faixas eram todas inéditas!
E o bichinho tá ficando velhinho mesmo. Eu também tou envelhecendo, né? Hoje admiro os caras não só pela paixonite que tenho por eles, mas pelo que fazem. E gosto da regularidade: dos caras da dita MPB (nunca gostei muito dessa etiqueta, mas vá lá), quem admiro mesmo, profundamente, talvez sem ressalvas, é o Chico Buarque.
Mas vi e ouvi com carinho o Caetano de 65 anos. Não sei dizer se ele envelheceu bem, mas gosto do jeito como eu estou amadurecendo. É bom gostar dos artistas, dos seus trabalhos, mas essas paixões incondicionais não têm nada a ver. Pelo menos não mais. De qualquer modo, valeu pra reacender a vontade de ouvir umas coisas de que gostava tanto. Vou ver se encontro meus CDs na bagunça da prateleira e passo algumas faixas pra ouvir no celular, quando puder caminhar de novo.


P.S.: Tentei linkar o Transa, mas tá no site antigo do Caetano, muito chatinho de navegar. Só dá pra chegar até a página inicial, então, quem tiver curiosidade e paciência suficientes, fuça por lá mesmo. O novo ficou bem mais legal, tanto pra ver como pra navegar.

sábado, 29 de setembro de 2007

As aventuras com Umberto Eco

No começo da semana, comecei A Misteriosa Chama da Rainha Loana, do Umberto Eco.
Uma vez me disseram que numa crônica do Luis Fernando Veríssimo ele diz que o Umberto Eco é o "cara que sabe tudo sobre tudo". Ainda vou checar e confirmo essa informação depois, mas é uma descrição maneira, né?
Aliás, eu antes relutava em ler o cara porque me sentia burra demais pra isso. Talvez nem burra, mas desinformada. Tinha lido O Nome da Rosa nos idos da juventude, antes de ir ver o filme no cinema, que sempre gostei de ler os livros que me interessavam antes de vê-los na tela.
Claro que adorei, e já li mais uma ou duas vezes, mas sempre tem coisa que não guardo direito na memória, principalmente os detalhes sobre hábitos católicos, que não fizeram parte da minha criação, então acho que não ficaram gravados. De qualquer modo, por mais que o filme tenha ficado muito bom, ainda acho que vale ler o orginal, por detalhes maneiríssimos sobre os mistérios da biblioteca que não puderam ir pro cinema.


O Pêndulo de Foucault
ficou na minha casa durante anos e não o levava adiante, parece que me intimidava. Aí meu marido, que é beeeem mais culto e informado que eu, disse que pra curti-lo a gente tinha de relaxar e aceitar que não vai conhecer nem um décimo mesmo do que ele cita. Encarar como aula, sabe? Pois segui a dica e adorei o livro. Entrou de imediato pra minha lista de preferidos. Embora eu tenha me sentido ainda mais burrinha!
Mas é sensacional como ele constrói toda uma trama complicadíssima pra mostrar as infinitas criações humanas sobre a ligação tida como certa entre os fatos mais diversos, mostrar a necessidade humana de encontrar explicação onde não há, ou onde não a alcançamos, pra depois desmistificar tudo, tudo mesmo o que já se inventou nesse gênero. E nessa história também, como em outras, é uma mulher que mantém a razão, quando todos deliram.


O Baudolino também tou adiando pela mesma razão: acho que não conheço o suficiente de História pra compreender o livro. Meu bem diz que é besteira, acha mesmo o melhor romance do cara, por isso não posso perder. Tá na minha lista.


Mas da Rainha Loana tou gostando. Apesar de me terem dito que nem de longe é o melhor romance de Umberto Eco, a história (minha) se repete. O personagem central é livreiro de peças antigas e raras. Perdeu a memória de qualquer coisa pessoal mas sabe de cor zilhões de passagens de obras em várias línguas. Dava pra gente se sentir menos culta??!! Mas tou curiosa pra saber onde vai dar a viagem pessoal dele em busca do eu perdido. Depois digo o que encontrei com o Yambo.

domingo, 23 de setembro de 2007

Questão de fé

Eu sou uma pessoa de fé. Sério! Não só acredito em Deus mas tenho convicção de que ele é justo, bom, e que tudo na sua criação tem um propósito. Consigo encontrar explicação pra catástrofes e dores profundas que passamos, razões pra (tentar) aliviar meus (muitos) medos. Mas, sinceramente, não consigo entender a existência da barata!
Quando vi Deus é brasileiro pela primeira vez, no cinema, adorei. Achei divertido, o Wagner Moura ainda era estreante e não vilão da novela das oito, e ele 'tava engraçadíssimo! Da segunda vez, na tevê, já achei que aquele Deus não tinha nada a ver: presunçoso, orgulhoso de seus feitos, meio egoísta e até com um interessezinho físico pela garota. Tudo isso aí é com a gente, ser humano. Deus 'tá muito além dessas nossas coisinhas. Na verdade eu nunca gostei muito do que já pude ver do João Ubaldo. Li A casa dos budas ditosos e detestei. Não vi nada da noção de pecado que regia a série da Editora Objetiva, era só bandalheira sem a culpa e desejo de redenção que acredito que o pecado gere (não entendo muito disso porque nunca fui à igreja, onde imagino que expliquem esses conceitos).
Enfim, mas com uma coisa naquele filme, que nem sei se 'tá na história original do João Ubaldo, eu me identifiquei: a cena em que Deus e o Taoca estão viajando de ônibus, aparece uma barata e Deus pega o caderninho em que anota umas modificações que poderia fazer.
Eu, que me mantenho uma pessoa de fé e convicção na justiça divina, em vez de questionar, que é o que me dá vontade de fazer, procuro reafirmar pra mim mesma que, se tudo na natureza tem um propósito, a barata há de ter o seu, e eu é que sou ainda muito iniciante pra compreender. Mas por causa mesmo dessa incipiência, posso gritar toda vez que as malditas invadem aqui a minha sala, perto do meu computador (a despeito da dedetização recente): ODEIO BARATA!

Insônia produtiva

Perdi o sono depois que o meu marido teve de sair da cama e de casa às 3 da matina pra buscar minha filha graúda numa festa, por conta de uma tremenda confusão que ela fez com a suposta carona que a traria de volta. Na boa, isso não é hora de menino estar na rua, sem comentários!


Acabei vindo aqui passear pelos blogs que minhas amigas ou as amigas delas lêem. De casa em casa, cheguei (muito feliz!) ao diário de Fernando Meirelles sobre as filmagens do Ensaio sobre a cegueira. Há uns dias tinha sabido que ele ia filmar meu livro preferido e até pensei: agora vou TER mesmo de reler, não tem jeito!
Passar um grande livro pro cinema pode sempre ser uma armadilha, né? Mas fiquei tranqüila quando soube quem ia dirigir. Nesse cara eu confio, porque Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel me deixaram sem fôlego e sem palavras por um bom tempo, se bem que cheia de emoções, nenhuma muito positiva, diga-se.
Daí que encontrar esse Diário foi uma alegria e tanto, e é ele que inaugura minha lista de links.
Porque tenho de ser sincera, digo que não sei se acompanhar esses detalhes não vai estragar um pouco minhas sensações com o filme. Se eu achar que sim, vou interromper a leitura e retomá-la depois de ver o trabalho pronto. Vamos ver o que rola.
Gozado é que mais uma vez este Fernando vai fazer um filme que certamente me fará sofrer. Deve ser bom, né, produzir trabalhos assim, que abalam tanto as pessoas. Claro que não gosto de ficar triste, mas adoro quando a arte me destrói! Caras iluminados, esses.

sábado, 22 de setembro de 2007

"O caçador de pipas"

Nessa semana que passou li O caçador de pipas, de Khaled Hosseini, o tão comentado romance sobre a amizade meio tortuosa de dois meninos afegãos.
Eu queria fugir dos clichês e não falar de como é bom conhecer o dia-a-dia do Afeganistão antes e depois de invadido tantas vezes por tantos grupos. Claro que isso é muito legal no livro, mas afinal é o que ocorre com todos os livros que lemos. Conheci um pouco da Colômbia com García Márquez, do Peru com Vargas Llosa, de Portugal e das Canárias com Saramago.
Óbvio que o atrativo do Caçador de pipas é a maioria das pessoas não ter idéia remota do que acontece no Afeganistão!
Sempre penso nisso: como sabemos tão pouco sobre os lugares que não estão sempre nos cinemas, na tevê, nos livros. E toda vez imagino o quanto sabem pouco de nós, também. É natural, acho. Só os muito cultos conhecem muito de muitos lugares do mundo, penso pra justificar minha ignorância.


Mas O caçador de pipas me trouxe várias outras reflexões: como é doloroso ter a vida completamente modificada de um momento pro outro. Como ter dinheiro, propriedades e até prestígio não garante em nada que você vai manter tudo isso pra vida toda, se bem que o prestígio, se vindo de uma boa origem, como fazer o bem indiscriminadamente, permaneça e possa ajudar muito a segurar a barra, mesmo que se percam as coisas.
E como, afinal, mesmo quem perdeu tudo o que tinha muitas vezes não percebe que, quando tinha, vivia melhor que muita gente, que já levava uma vida bem difícil antes do seu país se desmantelar todo.


Outra coisa importante que pensei é como a covardia não leva a lugar nenhum.
Eu me considero MUITO medrosa. Morro de medo de agressão, mutilação física. Acho que, se me visse ameaçada de apanhar muito, ia desejar por tudo que algo mágico ou alguém heróico me salvasse. Mas a história de Amir mostra de modo meio simbólico que, se a salvação vier pela covardia, você nunca fica livre, a menos que enfrente um dia a dor que evitou ao ser covarde.


Aliás, isso me lembra que, apesar de eu ter me emocionado tanto com o livro a ponto de quase chorar em alguns momentos, alguma coisa no estilo do autor não me agradou totalmente. Ele tem um negócio de mudar toda hora o tempo da narrativa, com verbos ora no presente ora no passado, que me incomoda um pouco.
Além disso, achei que a história vinha muito boa, bem dosada com a ficção num contexto muito realista, mas o momento máximo da resolução do conflito - digamos assim -, o auge da redenção ficou muito irreal. Aquele personagem me pareceu fora de lugar. Achei que o autor forçou a barra pondo-o ali, não precisava. Ajudou pra formar a simbologia de que falei ali atrás, mas, mesmo assim, achei muito exagerado e inverossímil. De qualquer modo, no geral é um bom livro, e vale mesmo as tantas recomendações que recebe.
Tanto que vou ler, quando der, A Cidade do Sol, que também anda elogiadíssimo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Revista

Esses dias tava procurando uma leitura mais leve e rápida, pros momentos de espera que às vezes ocorrem no meu trabalho, e lembrei de umas revistas Vida Simples que tinha comprado.
Eu cismo um pouco com revistas. Fico pensando se o povo não inventa uns troços só pra fazer a gente gastar mais, sabe como é? Mas consegui deixar minha desconfiança de lado porque o nome e a cara da revista me conquistaram de imediato. Tem um projeto gráfico muito bonito, que, óbvio, prima pela simplicidade. Todas as capas têm uma foto e uma cor básica. As matérias de capa são focadas em atitudes ou observações que podem ajudar a simplificar a vida mesmo, o que tem sido meu principal objetivo ultimamente.
Toda vez que a vejo na banca fico a fim de ler, mas o preço me segura. Acho caro pagar quase 10 pratas por uma revista! Tudo bem, sou pão-dura. Mas é só pra algumas coisas... fico tentando economizar com o que parece supérfluo.
Ontem, porém, me ocorreu que ler uma revista boa pode ser tão instrutivo quanto ler livro. Aliás, foi na Vida Simples que li uma matéria muito maneira sobre o Guimarães Rosa, descobri uns troços que nem imaginava. Tudo bem que não sou assim uma pessoa muito culta e bem informada, mas por isso mesmo a revista foi útil, uai!
Enfim, agora tou até pensando em assinar a revista, porque aí diluo a despesa e não sinto tanto!
Aí de vez em quando dou mais umas dicas de matérias legais.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ai ai ai

Menino, fui dar uma passadinha na Casa da Daniela, minha amiga que foi morar longe. Ela é divertidíssima pessoalmente, claro que tem de ser quando escreve, né? De lá, fui ver e conhecer a amiga dela, minha xará, de quem ela falou ultrabem quando estivemos juntas comendo crepe, mês passado.
Conclusão: tou morta de vergonha! Elas são tão naturais, divertidas, variadas nos assuntos. Tão cheias de opiniões definidas sobre tantas coisas legais!
E eu, uma formalidade só, séria toda vida, crítica demais! Que raios eu tinha de inventar de fazer um blog??
Ainda que fiz de livros, mormente, justo porque acho que minha vida cotidiana é bestinha pra comentar por aí, e o que interessa mais é o que leio e vejo e ouço. E mesmo assim já tou achando bobinho...
Vão lá dar uma olhadinha nas meninas, elas são demais!

"Travessuras da menina má"

No começo do ano ganhei, de aniversário, as Travessuras da menina má, do Vargas Llosa.
Apesar de meu professor mais querido da juventude (quiçá de toda a vida), de Literatura, sempre dizer que era um de seus autores preferidos, de quem gostava mais até que do García Márquez (um de meus ídolos), eu nunca tinha lido nada dele, nem mesmo A guerra do fim do mundo.
Há uns anos tentei ler A festa do Bode, também presente, mas não consegui passar das primeiras páginas.
Pois A menina má me surpreendeu. Leitura boa, que flui e diverte; instrui; emociona, também. Tá certo que dá a maior raiva da Menina Má. E mais ainda do Bom Menino!
E tem uma certa passagem que me deixou triste, incomodada, mas isso é porque não lido bem com algumas perversões. De qualquer modo, recomendo.
Vale observar o que diz um amigo/colega de profissão do Bom Menino sobre o trabalho que fazem. Eu, que vinha admirando totalmente o cara por trabalhar naquilo, tive de ver o caso por outra ótica. Não conto pra não estragar a descoberta de quem for ler. Embora não seja propriamente uma história de suspense, respeito quem curte descobrir por si mesmo, como eu!

A propósito: depois até retomei A festa do Bode, e gostei mesmo. Mas abandonei por razão emocional: as crueldades das ditaduras e dos ditadores com seus capangas não me descem pela garganta. E hoje em dia não leio ou vejo o que me faz sofrer, salvo especialíssimas exceções. Quem for mais frio, sugiro que se arrisque também pela Festa e outros Vargas Llosas. Depois me conte, ok?

domingo, 2 de setembro de 2007

De vez em quando penso em reler o Ensaio sobre a Cegueira, mas fujo por medo. Sofri muito quando o li, cheguei a chorar (o que era embaraçoso, já que às vezes estava no trabalho e tinha de ir ao banheiro, pra não ter de explicar por que tinha começado a chorar. Eles não entenderiam que um livro havia sido a causa!) algumas vezes.
Fico dividida em continuar repetindo que é um os meus livros preferidos e já não lembrar detalhes seus. Mas adio o momento de enfrentá-lo novamente.
Pois nos Cadernos de Lanzarote, quando alguém - procurei o trecho para registrar os detalhes, mas não encontrei; fico devendo - propõe a Saramago fazer o roteiro do Ensaio para transpô-lo ao teatro, ele diz que não poderia, não agüentaria sofrer novamente toda a angústia que tinha vivido ao escrever o original.
Eu me senti menos covarde, afinal.
Vou ler, antes, alguns que minha irmãzinha diz serem mais alegres.
Depois conto.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Por e para

Blog Day 2007Bom, soube hoje, pela Daniela, minha amiga do mundo real que tem um blog inspiradíssimo, bem a cara dela aliás, que 31 de agosto é o 3º Dia do Blog.
Em comemoração, ela indicou cinco blogs de que gosta e, surpresa, incluiu este aqui, tão recém-nascido!
Eu ainda não sou muito freqüente nesse mundo, mas vou listar alguns que curto, pra entrar na festa e agradecer à Dani.
Zamorim - Marcus não tem tido tempo de atualizar, mas o blog dele é o mais antigo que conheço, bem anterior a essa moda pegar entre os mortais. É muito rico e divertido.
Casa da Daniela - como não podia deixar de ser!
Arte em Tricot - a Liza é muito desprendida e ensina muito aos iniciantes como eu.
Crochê Solidário - idéia simples e excelente!
Super Ziper - mais gente inspirada!
É isso, minhas modestas dicas.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

"A Dama na Água"

O melhor filme que vi no fim de semana foi A Dama na Água.
É gozada minha relação com o Shyamalan. Sempre tenho um pouco de receio de sentir medo, porque não gosto de filme de medo, mas, com exceção do Sinais, adorei todos os filmes dele que vi (todos os que fizeram sucesso, afinal. Só não vi os obscuros, que descobri dia desses que havia).
Mesmo no Sinais, o que não gostei foi do roteiro, que achei absurdo e incoerente. Até inventei um final que, pra mim, consertaria a história (ê pretensão, heim?!)
Enfim, A Dama na Água: enrolei pra ver porque achava que podia ser de susto ou medo. Aliás, se tivesse visto o trailer, confirmaria essa impressão. Mas, embora haja mesmo cenas que assustam um pouco, e o suspense próprio dos filmes dele, não é de dar medo. A história é belíssima, cheia de simbolismos e sutilezas sobre relações dos homens consigo e com os outros, e como crescer a partir delas.
Independente de eu não ter gostado do roteiro do Sinais, mesmo neste, como em todos, Shyamalan se mostra um diretor brilhante: consegue como poucos criar um clima tenso e gerar a dose necessária de suspense pra prender até o fim. Vide O Sexto Sentido que, se não fosse pela direção detalhista, não teria a menor graça: o grande lance é a surpresa, no final, de se sentir enganado o tempo todo sem tê-lo sido!
Mas uma das coisas mais legais é ouvi-lo falar dos próprios filmes: ele fala com amor do trabalho todo, de cada etapa e detalhe, desde a idéia até o roteiro pronto, a escolha de elenco e dos outros profissionais, o tempo da narrativa, os cortes... Vale a pena ver os extras nos DVDs. N'A Dama na Água, vale mais ainda pelo livro que tem o mesmo nome. Quero dar de presente pras meninas! Seu primeiro conto de fadas em inglês, porque acho que ainda não tem tradução.
Também pensei em incluir seus filmes nas minhas futuras listas de persente. Já tenho O Corpo Fechado, que também adoro. Até pensei em rever o único que não adorei de imediato: quem sabe mudo de idéia?

"Letra e Música"

Outro filme do fim de semana foi o Letra e Música. Comediazinha romântica bem ao gosto feminino. Mas tem algumas que são muito bestas e facilmente dispensáveis, embora divertidas, e outras que valem a pena recomendar pra quem gosta desse tipo de filminho bom pra domingo à noite.
Essa é uma: a originalidade é brincar com os absurdamente ridículos anos 80. Os jovenzinhos não nascidos àquela época riem, mas não se divertem tanto quanto nós que vivemos naqueles tempos. Será que eles, pelo menos, perceberam que o filme também mostra que a música pop atual não perde nada pra aquela, em absurdo?
Última observação: imagino se maquiaram o Hugh Grant pra ele ficar envelhecido daquele jeito ou, mais provável, deixaram de maquiá-lo! Mas era o cara perfeito pro papel, né?

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Filmes

Fim de semana cheio de filmes.
Na sexta-feira, Super Size Me. Sei que o filme já tem um tempão, mas eu ainda não tinha visto!
Fiquei mal! Triste mesmo. Pelos americanos, claro, e o que os leva a ter assim esse monte de vícios: comprar, comer porcaria, comer exageradamente... Pelo império do lucro sem escrúpulo, que lá, talvez de modo mais evidente que nos outros lugares, gera esses absurdos como a comida que servem em escolas!
Mas fiquei triste por nós também. Porque estamos imitando o que eles têm de pior! Nossa classe média tem ficado cada vez mais parecida com eles! Já senti isso outras vezes (quando vi Beleza Americana, por exemplo).
Não que eu seja contra o capitalismo, não é isso! Mas por que não usar o dinheiro que sobra pra gerar mais emprego, mais mercado consumidor, mais crescimento pro país todo?

Sorte nossa que não temos tanta grana, que a maioria de nós não tem dinheiro pra aderir a esse consumismo doente e vazio. E sei que, pelo menos quanto ao que o Super Size Me mostra, ainda estamos longe daquela realidade triste. Mas quem garante que daqui a uns quinze ou vinte anos a gente não tenha chegado lá? Outro dia ouvi que numa escola tinha salão de beleza!!!! Por que não colocariam lanchonete de porcarias industrializadas, se percebessem que daria mais dinheiro?
Tenho pena da nossa classe média! Tenho pena de criar minhas filhas num meio em que crescer na vida significa poder comprar cada vez mais coisas cada vez mais caras!
Espero que, pelo menos nesse caso, estarmos no Terceiro Mundo (ou "emergindo", que seja!) nos ajude a resolver as necessidades reais, antes de aderirmos à moda de inventar umas tão absurdas como a de comprar por comprar!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Uma outra prosa

Ontem quase não li meu Saramago. Fiquei às voltas com um minicasaco de tricô, pra caber na boneca Emília das minhas filhas.
Como ainda sou iniciante em tricô (até umas semanas só sabia tecer, nem arrematar tinha aprendido! Depois aprendi e fiz uns cachecóis, claro, como todo aprendiz!), o maior trabalho que fiz foi um poncho-casaco, que é todo reto e a única dificuldade que apresenta é o arremate para o decote, também reto.
Pra tentar fazer um casaco de verdade, resolvi vestir uma boneca: gasto menos lã e, principalmente, menos tempo (fiz a blusa inteira ontem mesmo), até aprender de verdade.
Andei pesquisando dicas na internet. Embora ache umas muito boas e úteis, a maioria atende a quem já sabe um bocado. Será que vou ter de fazer curso pra aprender esse treco direito??
A literatura é um passatempo bem mais fácil, não? Depois dos seis anos, não tem mais que aprender: pra aperfeiçoar, a única exigência é praticar sempre! Mesmo assim, até hoje me questiono se sou boa leitora.
Quem faz tricô e crochê sabe que desmanchar e recomeçar é o que mais fazemos. Dos livros, cada vez mais penso que temos de lê-los no mínimo duas vezes pra guardá-los melhor. Será que o rafazimento é a releitura dos trabalhos manuais?

domingo, 19 de agosto de 2007

Língua maltratada

Em seus Cadernos, Saramago reproduz o discurso que fez ao receber o Prêmio Luís de Camões aqui em Brasília, em 1996.
Num pequeno trecho diz como é sofredora nossa língua, como é mal ensinada e aprendida, como os estrangeirismos nela proliferam.
Amante que sou da minha língua portuguesa, como lamento seus sofrimentos!
Não que eu seja absolutamente purista! Meus poucos estudos de lingüística pelo menos me serviram pra entender que as línguas são vivas, e quem as faz é justo quem as fala.
Além disso, também me interesso por outras línguas. E ouço músicos e vejo filmes e leio autores estrangeiros, claro!
O que lamento é isto: o uso tão ruim de nossa língua somado à invasão dos estrangeirismos mostra o quanto nosso povo é carente de identidade cultural. Quanto nos falta ainda pra construir nossa pátria!
Dói que tantos nem cheguem à escola, mal conheçam um livro.
Mas pior é nas vitrines não se ler mais liquidação ou desconto.
Pior ainda que se contrate um tal personal!!
Além de se apropriar da expressão dos outros, nossa classe média supostamente instruída o faz de modo absurdo! Já me soa estúpido que não o chamem de treinador, mas por que raios chamam-no pessoal??
Vou assumir a conseqüência da carga de preconceito do que vem a seguir, mas se tais pessoas andassem mais nas livrarias que olhando vitrines em liquidação, talvez nossa língua sofresse menos!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A longa fila

Um friozinho na barriga me faz questionar se fiz bem em me meter a falar de livros. Quem sou eu, afinal? Tenho tanto ainda pra ler, as indicações são bem mais numerosas que as leituras já feitas! O Baudolino mesmo, que Rafael considera o melhor de sua vida (nos comentários), está na lista de espera há bons anos, e sei lá por que não consigo ir adiante. Com alguns é assim, não é? A gente começa várias vezes e não engata. Eu gostei de todos os Umberto Eco que terminei, certo que vou gostar dele também, mas sempre aparece algo mais... urgente, atraente? Nem sei, mas toma seu lugar.
Nestes Cadernos de Lanzarote II venho tendo a mesma impressão que no outro: a cada referência que Saramago faz, não só a escritores e obras, mas cineastas, músicos, dramaturgos e tantos outros, me afundo mais na minha ignorância. No Atalanta, expus o compromisso (comigo mesma) de um dia ler, ou pelo menos pesquisar sobre elas, todas as obras a que ele se refere. Pra tornar ainda mais longa minha fila!
Enfim, espero que dê conta dessa pretensão que inventei ontem!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O melhor livro que já li

Será que todo mundo tem um livro preferido? O melhor de toda a vida?
Há uns anos eu li o Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago. Não foi o primeiro que li dele, mas foi o mais impressionante. Ainda mais nas circunstâncias em que lia: pra passar o tempo num trabalho novo, ainda sem muito o que fazer, cercada de pessoas que se preocupavam muito com o que comprar pra calçar ou vestir. Tudo bem, depois acabei me dando bem com elas; faz tempo que penso que a primeira impressão não é a que fica.
De qualquer modo, sentir-me fora de lugar acentuou as impressões do livro em mim. Quando pensava que tinham chegado ao fundo da sordidez humana, os homens sem nome ficavam ainda piores!
Livro maravilhoso! Durante todos esses anos classifiquei-o como o melhor que já tinha lido em toda a minha vida (oh!).
Neste ano, porém, reli o Cem Anos de Solidão, do Garcia Márquez. Livro da minha adolescência, embora eu continuasse lembrando-o maravilhoso, tinha esquecido os detalhes da história. Sabia alguns, mas o grosso tinha escapado.
Foi duro! Com essa releitura, tive de dobrar o meu "melhor livro que já li"! Difícil decidir qual dos dois acho melhor. Neste exato momento, opto por ambos. São maravilhosos, marcantes! Nâo é à toa que fico dividida justo entre meus dois autores prediletos!

O nascimento

Este blog nasce da saudade do Atalanta, antigo blog em que minha irmã falava de música, e eu, convidada, de livros e filmes.

Na época, estava lendo os Cadernos de Lanzarote, de José Saramago, e comentei sobre ele.

Ontem, ao recomeçar os Cadernos de Lanzarote II, que tinha comprado há tempos mas nunca lido inteiros, me deu vontade de retomar um espaço pra falar dos livros. Não tenho qualquer intenção de parecer profissional. Só quero dizer o que sinto e penso do que leio e, quem sabe, ouvir o que pensam das minhas idéias.

Opiniões serão bem-vindas, ainda que discordantes.

Bem-vindos, também, os que aqui chegarem!
Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.