segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Paradas culturais

Pra minimizar o tom de reclamação do post anterior, aqui vai um de elogio puro: li no Correio Braziliense, jornal daqui de Brasília, sobre o projeto Parada Cultural (parada é o nome que se dá a ponto de ônibus, por aqui).
A iniciativa é do proprietário do Açougue Cultural T-Bone (e da ONG criada por ele), já conhecido aqui em Brasília por disponibilizar livros pra empréstimos, além de vender carne.
Depois de criar um espaço cultural com bilbioteca e casa de cultura, Luiz Amorim, que não é meu primo apesar do sobrenome, teve a idéia de instalar bilbiotecas nos pontos de ônibus. Além do local, o diferencial dessas bibliotecas é não controlar os empréstimos. Mesmo assim, segundo matéria publicada pelo Correio, os responsáveis dizem que a perda é mínima e, por outro lado, as pessoas que normalmente não teriam acesso a livros se sentem mais à vontade pra pegá-los emprestados, porque não têm de preencher cadastro detalhado, o que às vezes pode constranger algumas pessoas.
A idéia é muito boa, sem dúvida, e nem é preciso procurar grandes elogios, de tão evidente que é o benefício.
Vale só parabenizar o T-Bone por mais esse projeto tão útil, simples e bonito de ver num país de tanta defasagem cultural.
Que venham sempre mais.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Mercado de livros no Brasil

Falando na trilogia Bourne, lembrei de uma história que um amigo do trabalho comentou: quando saiu O Ultimato Bourne no cinema, o irmão dele procurou o livro pra ler e, acreditem, não tinha sido publicado em português.
A Dani já tinha mesmo me dito que o irmão ou a mãe dela, não lembro, tinha lido e gostado muito, e foi aí que soube que também havia os livros. Mas ainda não tinha tido tempo ou dinheiro pra procurá-los.

Essa história do meu amigo veio numa conversa que tínhamos justamente sobre o mercado editorial no Brasil, a partir de um constatação que eu havia feito: quando não houve mais novos Harry Potter a serem lançados, fui reler A Pedra Filosofal, desta vez a edição brasileira, e fiquei espantada com a quantidade de erros de revisão e até tradução que havia.

Antes de mais nada, acho inadmissíveis erros de revisão, especialmente em livros.
E, affinal, apesar de publicar Paulo Coelho, a Editora Rocco é grande e antiga, e tem alguma respeitabilidade, né? Mas até compreenderia que a primeira edição da Pedra Filosofal tivesse saído com erros, apesar de tudo. O que não dá pra aceitar é que, depois de sete anos, não tenham feito uma revisão cuidadosa, pelo menos em respeito aos sei lá quantos milhares de exemplares vendidos.

Além disso, é gritante a diferença de oferta que temos, em relação aos países já desenvolvidos...
Uso o próprio Harry Potter como exemplo: na Inglaterra, há as edições pra adultos, com capas belíssimas, e pra crianças, todas em versão de bolso, em brochura, ou de luxo, com capa dura.
Nos Estados Unidos, eles têm a versão brochura, a de papel jornal, a de capa dura, a de luxo... Lá, inclusive, os inícios de capítulo trazem ilustrações muito bem feitas. E, pelo menos no Deathly Hallows, que é o único que tenho na edição americana, os recortes de jornal citados na história são reproduzidos como ilustração, no corpo do texto.
Aqui, só temos uma versão: brochura, sem ilustrações quaisquer, com margens minúsculas que é pra economizar papel ao máximo... Frustrante.
Isso porque 'tou falando de um estouro de vendas como esse, feito pra um público que até aprendeu a ler em inglês e comprou as edições estrangeiras pra não ter de esperar pelas nossas. As quais, ainda assim, também comprou, porque, além de ler, coleciona.

Tudo bem que muita coisa mudou nas últimas décadas, que hoje as grandes cidades têm grandes livrarias, preocupadas com qualidade e bem-estar do consumidor, que temos muito mais opções do que tínhamos.
Mas será que pelo menos a pequena parcela da população brasileira que lê e compra livros já não mostrou que merece um pouco mais de investimento dos editores? E que existe mercado pra se investir em luxos como também a beleza dos livros?
Ou pelo menos na tradução e lançamento de livros, ainda que sem luxo, que pelo menos aproveitassem o interesse levantado pela estréia de uma história no cinema, pô!

Enfim, lamento que ainda estejamos na transição pra um país de leitores e consumidores de livros, e torço pra que cheguemos a um nível ainda mais elevado.
Ainda que minha queixa e meu desejo pareçam reclamações fúteis, se considerarmos quantos analfabetos, pelo menos funcionais, ainda penam pelo nosso país.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"Bourne"

Finalmente conseguimos ver o terceiro Bourne.
Tínhamos visto os dois primeiros assim, meio despretensiosamente. Aliás, quando vimos A Identidade Bourne, nem sabia que haveria continuação.
A Supremacia Bourne já vi no cinema, sem lembrar muito dos detalhes da trama.
Quando saiu O Ultimato, resolvi rever os outros, pra saber direito o que aconteceria.
Filmes de ação nem são meus preferidos, mas desses gostei muito!
A direção é excelente, com aquele ritmo bem ágil que combina com a mente atordoada do Jason Bourne. Além disso, as cenas de luta são maneiras, porque são sujas, confusas, com a câmera mexendo o tempo todo pra gente ficar meio sem saber quem tá apanhando em cada momento. Imagino que luta de verdade seja mais pra isso mesmo, né, e não aquelas coisas coreografadas que normalmente se vêem em cinema.
Gosto também da trilha sonora, que combina perfeitamente com o andamento do filme.
Mas o melhor é o personagem. Ele é uma espécie de super-herói ao contrário, né, só que não tem superpoderes, mas superabilidades. E, em vez de ter sido treinado pra fazer o bem, foi pra matar. O condicionamento é tão eficaz que o cara (e também seus colegas) mata sem nem pensar no porquê. Aliás, é isso que ele começa a questionar quando perde a memória. Continua ultracapaz, mas já não aceita matar tão facilmente.
Achei muito boa a construção de um personagem assim, com esse grau de complexidade, numa história de ação.
Além de tudo o mais, vamos combinar, o Matt Damon deu muito bem conta do recado, né? Grande menino, rirri.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

"House"

Eu não tenho sido muito de TV. Mesmo dos canais a cabo, que pusemos em casa há mais ou menos um ano e meio, mais por causa da Internet, pouca coisa me interessa.
Acho bom, porque sei o quanto televisão pode ser viciante, e sempre me incomodou ficar muito tempo a sua frente, naquela passividade que beira a patologia.
Mas uma boa descoberta foi o House.
Gostamos tanto dos esparsos episódios que víamos nas tardes de sábados ou nas madrugadas de insônia, que pegamos as temporadas anteriores.
Já vimos toda a primeira e alguns episódios da segunda.
É muuuuito bom!
Gosto da mistura de mote bem sério, com todas aquelas doenças malucas, graves e potencialmente fatais, com a ironia oriunda do próprio personagem principal, sarcástico como poucos.
Por isso mesmo é um personagem tão rico. Genial em sua técnica mas sem qualquer habilidade pra lidar com as pessoas, menos ainda com seus sentimentos.
Por outro lado, algumas atitudes suas mostram interesse pelo bem-estar dos outros. E quase todas vem seguidas de um comentário ácido, que faz parecer que o interesse era só pela história em si, o tal quebra-cabeça que todo mundo sempre menciona.
Conheço um cara assim. Claro que este não faz nada tão genial como comandar um departamento de diagnóstico que só atende a casos complicadíssimos, com médicos especialistas que têm à disposíção todo tipo de máquinas e parafernália pra fazer qualquer exame que se pense.
Mas é um cara de mente brilhante, bom no que faz, e que não tem paciência pra lidar com os sentimentos alheios. E os próprios, claro, nos quais às vezes se afunda feio.
Interessantes essas pessoas. Muita gente não as suporta, algumas aprendem a gostar delas.
Eu aprendi, mas, de fato, não sei se suportaria conviver intimamente com alguém assim.
Como disse a ex-mulher do House, num episódio desses, ela o ama e admira muito mais que ao atual marido, mas não pode voltar pra ele, com quem se sentia sempre solitária.
Enfim, é uma série bem interessante, porque a seqüência em torno da vida dos personagens fixos não é o mote central dos episódios, mas de qualquer modo proporciona boas reflexões sobre a natureza humana.
Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.