sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O filme da vez

Finalmente vi "Tropa de Elite" no cinema. 'Tava em dúvida se veria, por causa do neném. Minha dizia que mulher grávida só deve ver coisas agradáveis, calmas e bonitas, o que, eu sabia, não era mesmo o caso!
Mas adorei o filme! Claro que sai de lá tensa, até com o estômago doendo. Mas não me arrependi, primeiro porque é cinema de muita qualidade, o que não dispenso, e segundo porque faz pensar muito, e isso é um dos papéis fundamentais da arte, não é?
De tudo o que já se disse desse filme, achei que um de seus maiores méritos foi botar o dedo na ferida da classe média. Será que o modo como aborda não só seu papel de consumidor e financiador do tráfico, mas sua postura diante dele, como se só fumar seu baseadinho não tivesse qualquer relação com a violentíssima guerra em que as cidades vivem, vai fazer a galerinha pensar na responsabilidade que tem? Ou será que, mais uma vez, o que era pra ser um soco no estômago vai ser só motivo de diversão, um filme brasileiro de ação, que não faz refletir mais a fundo?
Ultimamente tem me desiludido muito a reação das pessoas àquilo que às vezes me chocou profundamente. Vejo ou leio algo que me parece vai mudar o rumo do pensamento comum, mas converso com os outros e não noto qualquer sinal de que se sentiram intimamente tocados: o recado não foi pra eles. Aliás, muitos nem identificam recado algum, só mesmo entretenimento.
Eu, por minha vez, parece que a cada dia procuro mais identificar como é que aquela carapuça me serve.
Neste caso do "Tropa de Elite", por mais que eu não seja fã de nada que altere a consciência, achei, sim, minha parcela de mudança necessária. Não vou mais ouvir falar de um garoto que começou a fumar um baseadinho e dizer que isso é comum, não significa necessariamente um risco de virar um "drogado", como se costuma dizer. Hoje, compreendo o que meu marido dizia: que todo mundo que fuma lá seu cigarrinho de maconha contribui, sim, e está em contato, sim, ainda que indireto, com o tráfico e o crime pesado. Não tem fuga, e isso é o que o filme expõe de melhor, acho.
Mas também é muito bom o fato de mostrar os caras do BOPE como heróis, apesar de nada santos, óbvio, como o próprio personagem deixa claro o tempo todo. Tem uma piada rolando por e-mail que junta MacGyver, Jack Bauer e Capitão Nascimento pra ver quem realiza em menor tempo uma tarefinha xis. O melhor dela é mostrar que os brasileiros encontraram seu próprio herói, ainda mais fera que os heróis da TV americana. Outro grande mérito do "Tropa de Elite"!

3 comentários:

Anônimo disse...

E vc acredita que eu ainda não assisti? AAAAAhhhh...
Tava com saudade dos seus posts. Mas eu tou com saudade até dos meus, hehehehe... Essa vida de internet ruim tá um saaaaco!
Beijo, boa semana!

Anônimo disse...

Lindinhaaaa, tem nada menos que 2 desafios pra vc lá no blog. Eu escolhi dois que sei que vc vai gostar, viu!
Beijos!

Unknown disse...

Oi Tati.
Também vi Tropa de Elite (no cinema, como deve ser) e adorei, apesar de também ter saído tensa da sessão. Só achei que eles exageram um pouco ao mostrar o pessoal das ongs que atuam na favela como se fossem meio inconseqüentes, irresponsáveis até. E me surpreendi muito com a aprovação irrestrita de boa parte da platéia aos métodos do Bope (na minha sessão tinha gente aplaudindo). Enfim, é mesmo pra gente pensar...
Bjs.
Ah, adorei saber que tem bebê a caminho!! Parabéns!! Tudo de muito bom pra vcs.

Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.