Queríamos mudar de escola no começo deste ano, mas ela pediu pra ficar por causa dos amigos. Achamos justo.
Com o passar dos dias, porém, a coisa piorou muito. No começo, eles disseram que iam mostrar as letras e suas "famílias", mas só as que iniciassem os nomes da galerinha. Não era alfabetização, não tinham essa pretensão...
O ano passando, cada dever de casa me dava vontade de chorar. Descolados da realidade, não privilegiavam o raciocínio próprio da criança, forçavam a barra pra eles desenharem números sem, no entanto, ensinar noção de quantidade...
Nas férias de julho, pensamos de novo em trocar, mas pareceu que ia ser meio complicado, agüentamos mais um semestre. Arrependidos a cada novo dever, mas fazer o quê?
Semana passada veio um bem ilustrativo: "família" do S (apesar de ninguém na sala dela ter nome que comece com S). O dever trazia uns desenhos, o nome embaixo sem a primeira sílaba, e as crianças tinham de escolher a "certa" de uma listinha ao lado.
Um dos desenhos: uma sereia.
No dever do S. Pra uma menina que se chama Cecília. Que sabe escrever seu nome há uns dois anos. E que aprendeu a "família" do C no começo do ano.
O que a Cecília disse:
- Uai, mamãe, sereia? Mas o dever é do S... Acho que a tia I. não sabe escrever sereia, né, mamãe?
- É, Cecília, acho que ela não sabe mesmo...
Ela até sabe escrever sereia, mas de aprendizagem de escrita e leitura ela não tem a menor noção!
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