Sábado passado a Nessa e eu fomos ver o Caetano Veloso no Centro de Convenções de Brasília.
Esse show deu muito o que pensar.
Não pelo show em si, mas ele neste meu momento.
Caetano foi meu ídolo de adolescência.
Minhas irmãs, minha amiga Marilene e eu, e, mais posteriormente, também a Rita, víamos tudo o que saía sobre ele, assistíamos a todos os shows (quando tínhamos grana, claro), de preferência na primeira fila, na mesa central, tínhamos e sabíamos todos os discos de cor.
Vimos o filme dele, Cinema Falado, na pré-estreia, em que o próprio Caetano estava presente. Nessa ocasião, conseguimos o feito de dar-lhe um beijo na bochecha e fazer uma foto ao seu lado.
Enfim, éramos fãs mesmo, de carteirinha.
Tietagens à parte, eu realmente gostava de suas músicas. Nem de todas, claro, porque dificilmente um artista agrada por completo, mas gostava muito de muitas, e algumas considerava obras-primas.
Considero, aliás, ainda hoje.
Mas de uns anos pra cá fui me distanciando dele. No tempo em que ficou amargo demais por causa, acho, do fim de seu segundo casamento, eu comecei a não curtir muito os discos.
Acabou que não conheço a maior parte de sua obra recente - de uns 10 anos pra cá, talvez.
Apesar disso, quando ouvi Sem Cais no rádio do carro, me deu aquela vontade bem forte de rever o Caetano. Senti nascer um carinho novo por meu ídolo de tantos anos.
Por isso convenci minha "rimã gênia", sem a qual não ia ter a mesma graça esse reencontro.
Quer saber? Amei ter ido. Não conhecia um bocado de músicas, porque não conhecia o disco novo, mas gostei muito de algumas delas, não gostei de outras, e amei as que eu já conhecia: só pérolas: Maria Bethania, Trem das Cores, Incompatibilidade de Gênios, Eu sou Neguinha?, Irene.
Mas o melhor foi reencontrar mesmo o Caetano: deu vontade de comprar esses discos que deixei pra trás. Fiquei com pena de não ter acompanhado o Obra em Progresso, simplesmente por não saber dele. Imagina essa possibilidade naqueles outros tempos! Por que será que me distanciei assim?
Tenho me feito muitas perguntas aparentemente bobas como essa, e esse show trouxe várias.
Questionamentos sobre a passagem do tempo, sobre o correr da minha vida e das minhas idades, sobre o correr da vida dos outros.
Mesmo que eu ainda não esteja velha, sei que envelheço a cada dia. Agora percebo isso com cada vez mais nitidez, porque é um processo da natureza: "o tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece." Nós é que envelhecemos, mas nosso espírito envelhece? Ou apenas engrandece?
Ai, que maluquices me trouxeram um show de música popular e um livro latino-americano!
Porque concluir A Casa dos Espíritos também trouxe muitas reflexões.
Talvez eu é que esteja aberta a elas, e tudo o que passa por mim as suscita.
Também é algo em que pensar.
Um comentário:
Também adorei ter ido ao show, como você disse, nem tanto pelo show em si, mas por estar lá, por ver pessoas fanáticas, como éramos antes, por ouvir as boas músicas antigas e as boas novas, também. E também tenho pensado muito na passagem do tempo, ao ler, ouvir, cantar e escrever. Acho que é um sintoma de dna*... Mas não chega a ser ruim.
* Data de nascimento antiga.
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