quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vampiros e lobisomens

Outro dia comentei que já cobri uma boa quantidade de livros este ano, mas essa contagem não é assim tão honesta, porque entre eles estão três da série do Crepúsculo. São livros muito simples, que a gente lê assim em alguns poucos dias, então ficam quase três por um, né?

Eu em geral detesto história de vampiro. Morro de medo, tenho aflição, não gosto. O único filme de vampiro de que já gostei na vida foi Drácula, de Bram Stoker. Que, aliás, amei. Mas disso falo em outra hora.

O lance é que, por causa dessa aversão, eu nem pensava em ler o tal Crepúsculo. Mas, como gosto de ficar por dentro do que os meninos curtem, pra me meter a besta e entrar na conversa deles, acabei cedendo. Por conta disso, ganhei de presente de aniversário.

Gostei de ler, pra saber do que se tratava. Mas, na boa, como literatura é bem ruinzinho, né?

Primeiro, porque é escrito pra um público bem limitado: feminino e bem jovem.

Segundo, parece aquelas sabrinas, júlias e biancas em que algumas meninas eram viciadas, quando eu era adolescente. Um cara perfeito que se apaixona pela heroína mais improvável, de tão sem graça. Tudo bem que ele ser um vampiro não o deixa tão perfeito assim, mas na maior parte do tempo, a descrição é essa.

Terceiro que não acontece quase nada no livro todo, exceto no momento do clímax, que, aliás, é o clichê dos clichês.

Por causa de tudo isso, nem me animei a ler a sequência. Mas, uns meses depois, pra descansar a mente do terceiro Saramago seguido que eu pegava, acabei embarcando no Lua Nova. Que achei um pouco mais legal.
O que mata é a churumela de fossa da personagem principal. Cruz credo, dá vontade de mandar a chatinha arranjar o que fazer, né? Ficar com buraco no estômago, surtar meses sem sair do quarto, não falar com ninguém só porque terminou um namoro é muita frescura, né? Não tem quem aguente!
Mas, pelo menos, tem um pouco mais de ação, e surgem personagens novos, bem mais divertidos e com conflitos diferentes.

No final, porém, com aquela pataquada de pegar um avião pra Itália pra salvar o mocinho que quer se oferecer em suicídio pros vampiros ultramalvados, pelarmordedeus! Quase joguei o livro longe!
Não tem nada a ver com a história, com a trama, com nadica de nada! Muito ruim!

Ok, ok. Apesar disso tudo, acabei enbarcando no Eclipse. Como disse minha irmãzinha, esse negocinho é meio viciante mesmo.
O fato é que, nesse, a autora começou a acertar a mão. Já fez uma história bem mais encaixadinha, coerente, uma literatura mais trabalhada, pelo menos.
A Bella continua uma chata de galocha e quem já leu o último livro da série, o Amanhecer, disse que isso não muda muito. Mas vou ler assim mesmo, qualquer dia desses, só pra curtir a disputa entre o Jacob e o Edward.

Aliás, numa conversa curiosa que tive no trabalho com uma colega adulta e a filha adolescente de outra, constatamos que as adultas escolheriam o Jacob para a personagem, mas as meninas preferem o Edward. Bem coerente, né? Quando a gente cresce sabe o que é mais útil e divertido. RI RI RI.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

"Intermitências da Morte" e "História do Cerco de Lisboa"

Aos poucos, vou falando dos livros que li neste ano.
Na empolgação pelo lançamento recente de mais um Saramago (A Viagem do Elefante), retomei As Intermitências da Morte, que ganhei de aniversário 3 anos atrás, comecei a ler e parei, sei lá por quê. Achei mais difícil que os saramagos em geral, tive uma certa preguiça.
Mas me animei e fiquei muito feliz por isso. O livro é muito bom, muito interessante.
A leitura que eu fiz foi de uma certa racionalização do autor para, pareceu-me, amenizar o desconforto com a aparente iminência da morte, já que de sua inevitabilidade não haveria o que dizer.
O que gosto muito no Saramago é sua peculiar capacidade de inventar para a vida cotidiana uma situação inusitada que nos faz analisar o absurdo de alguns dos nossos desejos (de que pudéssemos não morrer nunca) ou comportamentos (não ver de verdade os outros).

Agora, o interessante d'As Intermitências é que ele muda completamente o rumo, de uma hora para outra.
Minha irmã me atiçou a curiosidade, ao dizer que aquele livro era, até um pedaço, como o Ensaio sobre a Cegueira, e, a partir de certo ponto, nitidamente virava um Memorial do Convento. Como eu não tinha lido esse último, fiquei presa a essa curiosidade. E, mesmo sem conhecer o Memorial, é evidente o momento da mudança, uma ruptura mesmo.
Sei lá o que deu na cabeça dele, vira uma história totalmente diferente das que ele conta em geral. Só lendo pra ver.
O que tem de comum é aquele certo pendor pro romantismo, mas, claro, o romantismo saramaguiano, que não tem nada a ver com o banal.
Vale a pena ler, é um livro bem curioso mesmo. Eu gostei, mesmo com, ou principalmente por ele, esse final inusitado.

Aliás, esse romantismo próprio é um dos elementos mais valiosos da História do Cerco de Lisboa, outro livro que eu já tinha começado (algumas vezes, aliás) e não seguia adiante, mas desta vez peguei firme também por recomendação da minha irmãzinha (revisora, o que a faz ter um carinho especial pela história, deduzo).
Esse é delicioso! De fato, tinha achado meio chatas as primeiras páginas, mas, vencida essa impressão inicial, me apaixonei em cheio pelo livro.
Muito bem escrito, como todos os saramagos, mas delicadíssimo, sensível, lindo.

Com este, redescobri um outro prazer que sinto nos saramagos um pouco mais antigos: trazem já sua crítica ácida da hipocrisia humana, mas têm também um respeito a mais pelos sentimentos nobres que os humanos também têm. Um carinho por sua forma de amar, seus receios próprios desse estado amoroso, uma poesia pra falar do sexo nesses personagens.

Uma beleza delicada e menos pessimista do que aquela também beleza mas tão dura do Ensaio sobre a Cegueira ou do Evangelho segundo Jesus Cristo.

Descobri que gosto talvez ainda mais desse Saramago de antes. Mas, claro, graças ao conjunto de tudo o que ele trouxe depois. Paradoxal?

terça-feira, 28 de abril de 2009

A tal da Misteriosa Chama

Enfim, terminei o livro do Umberto Eco que, surpreendentemente, não achei bom.
Como já disse algumas vezes, tinha abandonado A Misteriosa Chama da Rainha Loana por outros livros (na época, acho, a releitura do Ensaio sobre a Cegueira.)
Quando retomei, uns dias atrás, fiquei surpresa, porque poucas páginas depois ele ficava interessante.
"Se eu tivesse tido um pouquinho mais de paciência...", pensei.
Ilusão. Outras poucas páginas depois, ele ficava chato de novo.
E, mais adiante, até que se mostrava mais uma vez interessante. Verdadeiramente interessante.
Mas é pouco, logo o livro acaba, e o final também não é lá essas coisas.
De qualquer modo, 'tou feliz por ter terminado. É ruim essa sensação de abandonar o livro de alguém que a gente admira tanto, apesar de uma escorregadinha dessas.
Em aparente paradoxo, agora fiquei ainda com mais vontade de ler o Baudolino e A Ilha do Dia Anterior. Este tenho que comprar ou pegar emprestado de novo, mas o outro sei que temos em casa. No entanto não achei, deve estar emprestado.

Nesse meio tempo, também fiquei curiosa pra ler Benjamim e Budapeste, do Chico Buarque.
Apesar de não ter gostado muito do Estorvo, seu romance de estreia, por ter achado uma tentativa frustrada de criar uma história à Rubem Fonseca - lembrou muito o Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos -, ao ler a reporatgem biográfica do Chico fiquei interessada nos outros dois romances dele.
'Tou me segurando pra não ir à Livraria Cultura comprar todos esses, e mais uns dicionários que trazem já a nova ortografia. Adoro aquele lugar, e, com essa brincadeira toda de festa de aniversário, os gastos extras do mês já foram todos usados. Então devo evitar a visita por algum tempo.
Vou garimpar minha estante mesmo, que tem ainda muitos volumes na fila, inclusive alguns saramagos.

Estou feliz com o rendimento da leitura neste ano. Já são oito livros em quatro meses, uma boa média pra quem tem neném em casa e um mundo de ideias malucas pra pôr em prática. Que bom que, magicamente, o tempo tem rendido pra essas vontades todas.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Lista de livros

Incluí aí no canto uma lista dos livros que li este ano.
Vi isso no blog de um amigo da Fal, que está linkado lá nos Drops dela. Depois, quando estiver com mais tempo, volto lá pra buscar os links e pô-los aqui, direitinho.
O lance é que, embora eu não chegue nem aos pés daquele leitor inveterado, achei boa a ideia, porque é uma maneira de registrar os livros lidos no ano, coisa que a gente acaba esquecendo com o tempo.
E anotar em caderno não teria o mesmo efeito, porque tudo que anoto neles fica registrado, mas não é algo que se encontre fácil, na hora em que aparece a vontade ou a precisão.
Então fica aí a lista.
Aos poucos, vou comentando as leituras uma a uma.
Aliás, retomei A Misteriosa Chama da Rainha Loana depois de quantos, uns quase 2 anos?
Até que ele fica mais interessante, umas 5 ou 10 páginas depois de eu tê-lo abandonado, mas como eu podia saber?
Desta vez termino, com certeza. Aí digo minha impressão final.

Tempo ocupado

Estamos na maior correria aqui em casa pra produzir uma festa de aniversário para a Raquel.
Lembro nitidamente do 21 de abril do ano passado, quando fui ao hospital consultar minha médica e pedir que ela fizesse alguma coisa pra induzir o meu parto.
Mas ela disse que ainda era cedo e que, se fizesse isso, eu poderia ter um parto mais demorado e mais difícil do que se esperasse mais uns dias.
Então foi o que eu fiz. Além do mais, meu maridinho teve um episódio de pressão alta bem naquela tarde. Na verdade, ele se sentiu mal enquanto me levava ao hospital, e aproveitou que estava lá pra consultar um clínico geral. Ainda bem, porque soube ali que a pressão estava alta.
Que sufoco, viu, vou falar. Bom que a dra. Valkyria não aconselhou adiantar o nascimento da Raquel naquele dia.
Foram só mais 5 de espera. Hoje parece pouco, mas no ano passado eles foram bem longos, isso é verdade.
E agora, 'tou torcendo pra passarem mais lentamente, pra dar tempo de terminar os enfeites pra festa dela.
Estamos fazendo de feltro os bonecos que vão enfeitar a mesa do bolo.
Ainda falta decorar umas latas pra por nas mesas, encomendar os salgados, bolar umas diversões...
Tem um certo trabalhinho ainda pela frente, mas vai valer a pena, porque acho que a festa vai ficar linda.
Essa pequenininha não 'tá curtindo muito, é verdade, porque em boa parte do tempo a gente troca a atenção a ela pelo cuidado com os enfeites. Mas espero que, quando ela crescer, goste de ver as fotos e sinta que estamos fazendo pra marcar o carinho por essa data especial. Embora o neném não entenda que é aniversário, parece que o primeiro ano tem essa aurazinha que a gente sempre quer comemorar de uma maneira mais marcante.
Eu gosto de comemorar todos os aniversários, nem que seja só com bolo e parabéns. Na verdade, não sou muito fã de superproduções mesmo, só faço umas coisas mais elaboradas de vez em quando.
Mas no primeiro ano acho que vale a pena, mesmo que o neném não perceba a dimensão.
Então fica aqui o plano de voltar com fotos do cenário pronto, mais as outras gracinhas que pretendemos espalhar pela casa.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Memorial do Convento

Acabei de terminar o Memorial do Convento, do Saramago.
Há anos minha irmãzinha dizia pra eu ler, que era um dos melhores para ela, talvez o seu favorito, não lembro bem, mas por alguma obscura razão eu não dava bola pra esse livro.
Este ano, graças a mais uma recomendação dela, eu comprei. E li.
Bom, se é mesmo o favorito da Madi, ainda não pude confirmar com ela, mas é forte candidato a meu favorito, entre os Saramagos.
De verdade: estou balançadíssima entre ele e o Ensaio Sobre a Cegueira, que é um dos meus livros preferidos entre todos que já li, de qualquer escritor.

Estou tão impressionada que vim correndo escrever neste blog. Depois de mais de 4 meses!
Que a inspiração não me abandone, desta vez.
Tenho muito pra dizer, mas não agora. Agora vou voltar ao meu quarto e ficar ruminando essa sensação única que só alguns poucos escritores genais conseguem nos dar.
Pra não ser estraga-prazer!

No começo, eu evitava falar das tramas dos filmes, livros e séries que comento aqui, mas isso limita muito e, com o tempo, dei mais liberdade às minhas postagens.
Porém, como eu não gosto que me contem as histórias, como eu adoro as surpresas que os criadores geralmente nos preparam com tanto esforço, não quero estragar o prazer de ninguém.
Se você é como eu, melhor ler ou ver antes. Mas convido-o a voltar depois, pra saber o que eu achei.